27 outubro 2006

Campeonite

Com a devida vénia, publicamos este texto que consideramos interssante, relevante e que, para a idade destes atletas, se ajusta perfeitamente.
" Campeonite Ser campeão não é nenhum mal por si.
Será se houver um curto-circuito no trabalho para sê-lo. Ou seja, há etapas de desenvolvimento das crianças que devem ser respeitadas. Se se saltam ou aceleram essas etapas para se obter resultados rápidos, pode comprometer o desenvolvimento global e desportivo da criança.
O desporto tem mostrado que, cada vez mais, há atletas campeões muito cedo e que o deixam de o ser mais tarde, porque o seu rendimento foi potenciado precocemente.
Não é um problema ser campeão, mas pode criar expectativas que acabam por não se concretizar mais tarde.
Nos escalões mais baixos não devia haver a atribuição de títulos, porque há treinadores que são maus formadores e “comem” essas etapas.
Um exemplo positivo é no futebol, que acabou com o campeonato nacional de infantis.
Essas medidas visam acabar com a campeonite e com o desejo de alguns de vencerem a todo o custo, levando a treinar de forma demasiada intensa ou especializada. Ser campeão naturalmente tudo bem. Mas quem é campeão nos infantis muitas vezes não o é em juvenis.
Há jovens que com 13 anos têm um desenvolvimento de 15 anos, por isso quando competem por escalões de idade estão mais desenvolvidos fisicamente e ganham com algum à vontade.
Mas quando chegam a seniores e os outros já os apanharam, podem não ganhar. Aí os treinadores devem ter o cuidado de explicar que isso pode suceder, pois quando um atleta ganha tudo e mais tarde não vence acaba por desistir.
Recomendo o livro “Nenhuma medalha vale a saúde de uma criança”, de Jacques Personne, que fala sobre esta matéria. " Rui Matos
Professor adjunto na Escola Superior de Educação de Leiria

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